Ensopado de Polvo à moda da minha Avó Almerinda
por Marisa Fonte Oliveira, arquitecta e artesã dos tecidos e linhas︎Scroll down for the english version
A refeição de Natal em casa da minha Avó que, já não sendo, será sempre a casa da minha Avó, inicia-se, desde que me lembro, com travessas de bacalhau, congro, batata e ‘coivão’ cozido regados com molho de azeite fervido com cebola. Estes petiscos comem-se já em ânsias do segundo prato - o ensopado de polvo. Quando o ensopado chegava à mesa, o meu Avô era o primeiro a servir-se e, só depois, é que a travessa corria a restante mesa. À excepção das raras vezes que o cozinhei (apenas por respeito à exclusividade natalícia), só tive o prazer de comer ensopado de polvo nestas datas e nesta casa. Talvez esteja explicada a expectativa de felicidade e das boas memórias que surgem sempre que me lembro deste prato, e o respeito que tenho pela espera de o voltar a saborear, naqueles dias, com aquelas pessoas.
Com a entrada de um ribatejano na minha vida, apareceram, como não podia deixar de ser, os coentros. E numa dessas escassas vezes em que cozinhei este prato fora da época natalícia, os coentros foram, inevitavelmente, lá parar. E que boa surpresa! Não ouso introduzi-los nas tradições natalícias desta família minhota (onde o sabor dos coentros não apraz a todos) mas não seria justo deixá-los fora desta minha história do ensopado de polvo.
A refeição de Natal em casa da minha Avó que, já não sendo, será sempre a casa da minha Avó, inicia-se, desde que me lembro, com travessas de bacalhau, congro, batata e ‘coivão’ cozido regados com molho de azeite fervido com cebola. Estes petiscos comem-se já em ânsias do segundo prato - o ensopado de polvo. Quando o ensopado chegava à mesa, o meu Avô era o primeiro a servir-se e, só depois, é que a travessa corria a restante mesa. À excepção das raras vezes que o cozinhei (apenas por respeito à exclusividade natalícia), só tive o prazer de comer ensopado de polvo nestas datas e nesta casa. Talvez esteja explicada a expectativa de felicidade e das boas memórias que surgem sempre que me lembro deste prato, e o respeito que tenho pela espera de o voltar a saborear, naqueles dias, com aquelas pessoas.
Com a entrada de um ribatejano na minha vida, apareceram, como não podia deixar de ser, os coentros. E numa dessas escassas vezes em que cozinhei este prato fora da época natalícia, os coentros foram, inevitavelmente, lá parar. E que boa surpresa! Não ouso introduzi-los nas tradições natalícias desta família minhota (onde o sabor dos coentros não apraz a todos) mas não seria justo deixá-los fora desta minha história do ensopado de polvo.
Ingredientes
Polvo (cerca de 1kg)
3-4 pães de trigo biju por pessoa(pode ser do dia anterior)
Azeite
2 Cebolas médias
Pimenta preta
1 molho de coentros (opcional)
Como fazer
Coze-se o polvo com um pouco de água e uma cebola partida a meio. Se o polvo estiver congelado pode ir directamente para a panela e só precisa de se acrescentar um pouco de água no fundo. Estando o polvo cozido, parte-se em pedaços pequenos, e reserva-se a água que o cozeu. Faz-se então um refogado rico em quantidade de azeite e cebola cortada às rodelas. Desfaz-se o pão trigo com as mãos. Quando a cebola estiver dourada, acrescenta-se pão e água alternadamente (tanta quanto o pão precisar) e mexe-se até o pão ficar desfeito. Acrescenta-se então o polvo e uma pitada de pimenta preta a gosto e mistura-se tudo. Está pronto o ensopado. É neste momento que quem gostar muito de coentros pode (e deve) juntar ao ensopado uma boa quantidade de coentros picados. Que comece o Natal!The Christmas meal at my grandmother's house - while no longer my grandmother's house, it will always be my grandmother's house - for as long as I can remember, starts with platters of cod, conger, potato, and cooked 'coivão' (Portuguese cabbage, with broad leaves) drizzled with olive oil which was previously boiled with onions. These trays were devoured as we anxiously craved the second dish - the octopus stew. When the stew arrived at the table, my grandfather was the first to help himself, and only then did the platter run the rest of the table. Except for the rare occasions that I cooked it (just out of respect for Christmas and its singularity), I only had the pleasure of eating octopus stew on these holidays and in this house. Perhaps the expectation of happiness and the good memories that arise whenever I remember this dish are explained—the respect I have for waiting to taste it again, on those days, with those people.
With the entry of a Ribatejo [the former central province of Portugal] boy in my life, coriander appeared, of course. And on one of those rare occasions when I cooked this dish outside the Christmas season, the corianders inevitably ended up there! And they were a good surprise. I do not dare to introduce them to the Christmas traditions of this Minho [northern Portugal] family (where the taste of coriander does not please everyone). Still, it would not be fair to leave them out of my octopus stew story.
In another pan, heat the olive oil and add the sliced onions. Meanwhile, break the wheat bread with your hands and set it aside. Once the onion is golden, add the bread and water alternately (as much as the bread needs) and keep stirring until the bread is broken. It should be mash-like. Then add the chopped octopus and a pinch of black pepper to taste and mix everything. Now, the stew is ready, and it is at this moment that those who love coriander can (and should) add a generous amount of chopped coriander to the stew. Let Christmas begin!
With the entry of a Ribatejo [the former central province of Portugal] boy in my life, coriander appeared, of course. And on one of those rare occasions when I cooked this dish outside the Christmas season, the corianders inevitably ended up there! And they were a good surprise. I do not dare to introduce them to the Christmas traditions of this Minho [northern Portugal] family (where the taste of coriander does not please everyone). Still, it would not be fair to leave them out of my octopus stew story.
Ingredients
Octopus (about 1kg)
Small wheat bread (day old), 3-4 per person
Olive oil
2 medium onions, finely sliced
1 medium onion
Black pepper
One bunch of coriander (optional)
Method
Cook the octopus with a little water and an onion split in half. If the octopus is frozen, it can go straight into the pan, and you just need to add a little water to the bottom of the pan. Once the octopus is cooked, set aside its cooking water, and chop the octopus into small, bite-sized pieces.In another pan, heat the olive oil and add the sliced onions. Meanwhile, break the wheat bread with your hands and set it aside. Once the onion is golden, add the bread and water alternately (as much as the bread needs) and keep stirring until the bread is broken. It should be mash-like. Then add the chopped octopus and a pinch of black pepper to taste and mix everything. Now, the stew is ready, and it is at this moment that those who love coriander can (and should) add a generous amount of chopped coriander to the stew. Let Christmas begin!